sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Papel almaço


Há quem tente, sem sucesso, nos marcar com canetas sem tinta.
Há quem nos contorne com giz, quem nos esfume com cera,
quem nos corta, quem nos carimba.

Há quem nos rabisque, quem nos dobre, quem nos rasgue.
Há quem nos manche, nos desmanche, nos estrague.

Mas ele me pegou pelos cantos
me trouxe de volta ao branco
e preencheu com lápis de cor
os espaços entre minhas margens.

Depois, fez poesia sobre minha superfície.

terça-feira, 27 de novembro de 2012

Peter Pan


prefiro a mentira bonita
à verdade que, dita,
me fere e corrói

me afaste a palavra maldita
me esconda nas sombras
dos contos de herói

devolva a poesia da qual não me lembro
deixa eu ver os dias como eu bem entendo
pois, o que é a vida, senão
a impressão de estar vivendo?

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

pena

o maior erro de Teresa
foi roubar-se de si mesma
e entregar-se a alguém

logo as coisas mudariam
quem podia imaginar
que suas paixões tirariam
seus pedaços do lugar?

oh, teresa
como é que pode?
um amor passa, te consome
leva tua alma
deixa o molde
sem previsão pra voltar?

hoje a brilhante teresa
sangra opaca em carmesim
e murmura ainda presa
- ah, que saudade de mim!

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

rascunho


Hoje revivi tropeços lendo cartas velhas. E aquele passado, passado a limpo, foi meu mais supremo deleite.

Não é que, assim, vista de longe, tanta dor parece enfeite?!